Já tentamos indagá-lo, pedir que desocupe o espaço e até conversarmos, amigavelmente.
Tentamos, nós, eu e meu amigo imaginário, uma mistura de consciência externa, totalmente inconsequente.
Não sabíamos o seu nome para chamá-lo.
Então imaginamos, uma daquelas palavras com S, que se parecem com grandes buracos escuros.
Tentamos SOLIDÃO
Tentamos SAUDADE
Nada, nem se mexeu.
Aliás tinha dias que se mexia, sem precisar incomodá-lo.
Se aumentava, e doía, fazia da alma um pequeno resquício de coisa, ao redor de um grande e escuro buraco, que doía.
Tentamos SILÊNCIO
Nos dicionários mais atualizados já se encontra: Palavra com S que se parece com um buraco grande e escuro.
Se ele era silêncio, ele não falava. Óbvio.
Ele era tudo aquilo que não se falava, que deixava-se para lá, por receio.
Aquelas coisas que dia menos dia, voltam no meio da noite, ou quando estamos andando por aí, às vezes até quando acontece alguma coisa que nos lembra da SAUDADE e da SOLIDÃO.
Eu sempre lembro de uma frase, que escrevi, faz muito tempo, num desses dias que o silêncio incomoda.
"Até as coisas mais bonitas, quando remoídas, apodrecem"
Ele não vai responder, eu sei.
Mas tem dias que ainda tentamos, e dizemos
SILÊNCIO, você se parece muito com a SAUDADE e com a SOLIDÃO."
Texto por Mariana Feistauer
Originalmente retirado: http://marianafeistauer.blogspot.com/
Espero que vocês tenham gostado, tanto quanto eu.
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